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Exposição Ateliê-Clínica: performance viral SARS-COV-2 arteimunização

ARQUIVOS DE PROCESSO

Trata-se de registro que simboliza as diversas formas pelas quais manipulamos fragmentos de arquivos-documentos provenientes dos estudos. Ou seja; rasuramos, rasurávamos e o rasurar implica o próprio processo da escritura artística. O próprio ato de pensar sobre o processo e o que dele desponta até inconscientemente e do qual nos alimentamos. Memória, arquivos, documentos, narrativas, artigos, matérias jornalísticas, ensaios, entrevistas, tudo é alimento para a performance do estudo. Como tratamos de memória e inconsciente, estamos desse modo fora de uma organização linear e mais dentro do exercício de um mapa-collage de momentos do projeto. “A AUTOFICÇÃO ACABA COM A AUTOBIOGRAFIA? Em um segundo momento, a rasura corresponde a époché dos Gregos, isto é, à suspensão de qualquer juízo sobre a coisa sendo escrita e a uma abertura para o que lhe é sussurrado. Por quem? É o terceiro momento. O escritor se vê obrigado a escutar o que lhe é soprado não pelo Espírito Santo, como acreditavam os evangelistas, nem pela musa dos românticos, mas pela tradição à qual estão ligados os autores que ele leu, os amigos que encontrou, os próximos com quem compartilha sua obra etc., todos coautores que, voluntariamente ou não, participam da escritura. O escritor se torna então scriptor a serviço, por exemplo, deste mundo infinito que Balzac chamou de Estado Civil, do qual ele se faz o secretário ou a serviço do real, a partir do qual a palavra tende a desvelar “o sentido inalienável das coisas”, ou melhor, a serviço de algo que o corrói, que ele adivinha frequentemente e que o impede de continuar no seu primeiro impulso.”. Trecho do Livro de Philippe Willemart — Os processos de criação na escritura, na arte e na psicanálise. Editora Perspectiva, 2009. p. 145. Jan/2022
Trata-se de registro do trecho da apresentação do estudo-síntese de Cleide Amorim. A Árvore/ O Enforcado do Tarô. Destino. Performance viral... A que se destina? “de cabeça para baixo, vejo o mundo com outros olhos...” (Este é um breve esboço de uma pesquisa em andamento... uma pesquisa de vida e sobre a vida, e que a qualquer momento, pode se DETER-RI-O-RAR). A que se destina? Arte. Imunização. Saúde. Bem-Estar. Resgate. Tempos difíceis... quando não os temos? Mesmo os tendo sempre, nunca nos acostumamos... e quem disse que é saudável acostumar-se a eles? Não é! “[...] instabilidades, nos apavora ou angustia (Kierkegaard). Lacan nomeou esse conjunto de Real. Forçando um pouco, diria que o simbólico decorre da visão cartesiana, racional ou psicológica do homem e o conjunto dos registros, Real, Simbólico, Imaginário — o RSI — da atitude psicanalítica diante do homem. O Real é a descoberta de Lacan na qual vou me deter mais. O Real constitui o mistério do inconsciente, o campo daquilo que subsiste fora da simbolização e que não espera nada da palavra. Não temos outros meios para apreendê-lo a não ser por intermédio do simbólico. Ele vige sempre por trás do automaton ou da repetição. Formado pelas experiências eróticas vividas, experiências mortas, portanto, mas que deixaram marcas, restos, différance, o Real determina o imaginário e o Simbólico e, como o registro do Simbólico ultrapassa o indivíduo. Como os homens e os cientistas do ocidente conceituavam o Real antes de Lacan? Quem consulta o horóscopo todos os dias ou quer saber de seu futuro pelos búzios ou cartas ou quem pede ajuda aos candomblés, vive essa angustia reivindicada por Kierkegaard contra Kant. O homem tenta captar esse desconhecido que trabalha numa zona misteriosa e que recebeu nomes dos mais variados na história da humanidade (ver o Mefistófeles de Faust), bruxo ou bruxa e envolvia a magia branca e negra. Para lutar contra ele, a Igreja Católica inventou a função de exorcista, o padre que tem o poder de expulsar os demônios. As diferentes crenças ou religiões têm seus meios de lutar, conter ou contar com essas entidades. Lembremos dos orixás dos cultos afro-brasileiros, os búzios e suas duzentas redes narrativas nas quais se encaixam os consultantes, os pajés que conseguem lidar com esses mistérios, os astrólogos ou as cartomantes. O mundo oriental tem O Livro das Mutações, seus trigramas e hexagramas que inspiraram Max Martins, poeta de Belém.”. Trecho do Livro de Philippe Willemart — Crítica Genética e Psicanálise. São Paulo: Perspectiva; Brasília, DF: CAPES, 2005. p. 60. Jan/2022